sexta-feira, 14 de agosto de 2015

No jogo do impeachment, toda desconfiança é motivo de pressão


A pressão “diuturna e noturnamente” do governo do PT para salvar Dilma Rousseff do impeachment levanta, entre outras, as seguintes suspeitas de conspiração:

1) O descarte da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente do Senado, Renan Calheiros, em decorrência da Operação Lava Jato, teria sido combinada com Dilma Roussef para que Renan ajude o governo a melar o impeachment.

2) O prazo de mais 15 dias dado pelo TCU para Dilma explicar as irregularidades apontadas pelo procurador Julio Marcelo de Oliveira nas contas de 2014 teria sido combinado com o governo por intermédio de Renan (que tem forte influência sobre três ministros do tribunal, indicados pelo PMBD) para dar tempo não apenas de esfriar a pressão popular, mas de o procurador-geral Rodrigo Janot denunciar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e melar o impeachment.

3) A decisão em caráter liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, de que as contas de presidentes da República precisam ser votadas por uma sessão conjunta do Congresso – formada por deputados e senadores e não pelas Casas Legislativas de maneira separada – teria sido combinada com o governo para tirar o poder de Cunha, entregá-lo ao presidente do Senado (que também preside o Congresso) e melar o impeachment.

4) O pedido de vista (mais prazo para analisar o caso) feito pelo ministro do TSE Luiz Fux no julgamento do prosseguimento da ação do PSDB que pede a impugnação do mandato presidencial de Dilma teria sido combinado com o governo para esfriar a pressão popular, evitando que a eventual derrota na votação favoreça o clima de impeachment e que o clima de impeachment favoreça a impugnação.

As quatro suspeitas acima podem corresponder à realidade? Podem. Tudo pode ter sido só coincidência? Pode. Até os itens 3 e 4? Pois é.

Alguns organizadores dos protestos de domingo denunciarão nos carros de som o suposto “acordão” do item 2, relativo ao prazo do TCU, embora as irregularidades recém-incluídas sejam injustificáveis e tornem ainda mais difícil a explicação de Dilma Rousseff.

De qualquer modo, a pressão é válida.

A coluna Painel, da Folha, informa que ministros do TCU receiam ser alvo das ruas e já estão recebendo centenas de mensagens pedindo a rejeição das contas da petista.

Além disso, o Movimento Brasil Livre mudou o lema dos atos para “Fora Dilma, e leve o Renan com você”. “Como o presidente do Senado quer ficar ao lado de alguém que queremos derrubar, que saia com ela”, disse um dos líderes. Amém.

Uma das funções do ato de 16 de agosto é essa: criar vergonha em todos aqueles que podem salvar o desgoverno mais corrupto e mentiroso da história do Brasil.




Por Felipe Moura Brasil

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