terça-feira, 7 de julho de 2015

Já estamos no pós-Dilma


E agora? Estamos no pós-Dilma. O velório ainda acontece – como no interior – na sala da casa. Já se pensa em recolocar tudo em seu lugar depois da saída do cortejo. Por obrigação profissional e instinto de sobrevivência, mantive contato com formadores de opinião neste fim de semana. Algumas figuras ilustradas e outras situadas no centro do poder.

Não houve uma única manifestação que remetesse à prorrogação do (des)governo Dilma. Constatação unânime: o governo acabou. Ou pela renúncia ou pelo impeachment, o epílogo não vai demorar. Mas ninguém faz ideia do quem vem lá, como na canção de Lenine.

Dilma hoje é um ser a evitar — sobretudo por especialistas em não ficar ao lado de quem possa infectá-los. Eles temem o risco do contágio. Confrontados com o cenário de horror, querem distância do desastre inevitável.

Discute-se abertamente se Dilma sairá do Planalto com Michel Temer a tiracolo, o que faria de Eduardo Cunha o presidente interino até que seja eleito nas urnas o novo titular do cargo. Ou se Temer substituiria Dilma, repetindo-se a fórmula que instalou o vice Itamar Franco no gabinete do qual Fernando Collor fora despejado. Nessa hipótese, a eleição pelo voto ficaria para 2018.

“Ninguém faz ideia de quem vem lá!” E do que virá. Certamente será uma vitória. Mas que não se transforme em mais um capítulo do mesmo pesadelo. Que tenhamos aprendido. E que os que pensam representar-nos entendam que pouco contribuíram para o desfecho.

Precoce para alguns, tardia para muitos, o certo é que não se trata de morte natural. Foi suicídio.





Por Reynaldo Rocha

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