Lula pode ser preso a qualquer momento, assim como Palocci. Ambos poderão ser postos a ferros no mesmo dia e poderão fazer companhia, finalmente, ao solitário José Dirceu, o guerreiro às avessas, a Pedro Correa, o reincidente, ao príncipe sinistro da Odebrecht e a outros quase 100 encarcerados até o momento. Dilma poderá perder seu mandato por conta de pedaladas fiscais, por sua formidável incompetência, pelas contas vergonhosas de sua imunda campanha eleitoral, pelo conjunto de tudo isso ou, por incrível que possa parecer, por ainda mais do que tudo isso. A corrupção virou um procedimento usual do petismo e por ela o partido irá morrer aos poucos, à míngua, com direito a um gran finale de uma das maiores farsas da vida nacional.
Não bastasse todo o “conjunto da obra” lulopetista, a intelectualidade de esquerda brasileira, ao contrário, está viva e respirando. Não pulsa nem faz bolhas; só respira e observa, como se fosse um crocodilo à espreita. A “culturalidade” de esquerda, todavia, não desaparecerá assim tão fácil quanto o PT. Jornalistas, a soldo ou não, resistirão por décadas até se darem conta do fiasco sociológico e político em quem foram envolvidos. Artistas de cinema e televisão, locutores de rádio, colunistas e articulistas, mesmo tendo a capacidade máxima de ver e entender o que está acontecendo, vão demorar para abrir mão, não de sua ideologia, mas de seu idealismo marxista, do encanto cultural do qual são insumo funcional e servil.
Matéria no Fantástico em 30 de agosto de 2015 dá conta do “próximo passo” das hordas culturais em ação. Um deles será o que tentará relativizar a corrupção, como se todos fossemos, em natureza, tão justos, retos e honestos quanto Lula, Maluf, Demóstenes, Collor e tantos outros. A mídia de predominância marxista trata agora de dizer que todos somos corruptos, distorcendo o viés claro e direto que diz que corrupção, na acepção até então entoada pela imprensa, é ato ilícito praticado com a presença de agente público numa das pontas. O noticiário, fique atento, vinha tratando corrupção como fenômeno strictu sensu, ou seja, envolvendo empreiteiras, políticos, empresas estatais, doleiros. Agora, num passe de mágica filosófico, corrupção passa a ser ...tudo! Usar vaga de deficientes no supermercado, furar uma fila, pedir a leniência de um guarda de trânsito, ultrapassar com faixa contínua, colar em prova, passar em sinal vermelho ou por cima de faixa de segurança sem parar, tudo vai virar...corrupção!
A intelectualidade brasileira (uma verdadeira horda de idiotas que nem merece a titulação) fará coro a esta nova “descoberta”. O que era ilícito penal, agora vira corrupção ativa. Assistir um assalto sem fazer nada, por caracterizar omissão, passa a ser considerada corrupção passiva e assim por diante. Nossa formação, baseada na ética judaico-cristã, no respeito às leis da república será torpedeada cada vez mais pelos aparatos sórdidos a serviço da ideia gramsciana. Abra o jornal, ligue a TV e ouça no rádio o que eu aqui observo e comprove você mesmo.
A distorção é tanta que já começaram a inverter a lógica “evolutiva” da corrupção. Sabemos todos que a corrupção tipificada e mais corriqueira é aquela que envolve a busca de vantagens pessoais na realização de negócios com o setor público. Sabemos também que ela se desdobra e se multiplica pelos dutos da impunidade e que ela é de cima para baixo, ou seja, os que estão acima corrompem ou são corrompidos e este fenômeno se desdobra até o “chão”, onde está a população, que entende que pode, sim, incorrer no mesmo crime, diante da disseminada impunidade. Em pleno processo de “corromper o que é certo”, intelectuais de esquerda passam a divagar que devemos corrigir a corrupção potencial já nas tenras idades, ensinando práticas boas e legais na infância para que os adultos sejam “imunizados”.
Eis a esquerda brasileira com seus aparelhos, tentando me dizer que sou tão ladrão quanto Cerveró e tão bandido quanto José Dirceu. Não sou, nunca fui e jamais serei. Meus filhos e netos também não. A ignóbil esquerda brasileira ainda não tem correta noção de certo e de errado.
A gente ensina.
Por Glauco Fonseca
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