segunda-feira, 13 de outubro de 2014

É hora da mudança!



A leitura da Folha ficou para o fim do dia neste domingo, pois peguei a estrada de manhã e não tive tempo de terminar todos os jornais. Abaixo, alguns recortes de quatro autores diferentes, todos clamando de uma forma ou de outra pelo mesmo fim: mudança!

Comecemos com Ferreira Gullar, o poeta que acaba de se tornar “imortal”:

Nestes últimos meses, os escândalos envolvendo a Petrobras e membros do governo (do PT e de aliados) deixavam claro que a corrupção, já denunciada a propósito da compra da refinaria de Pasadena, era um fato.

As denúncias feitas por Paulo Roberto Costa ganhavam credibilidade, tanto assim que os responsáveis pela apuração dessas denúncias lhe permitiram deixar a prisão e vir cumprir a pena em casa.

[...]

Se mais de 70% dos brasileiros querem mudança, por que mais de 40% votariam nela, ou seja, na continuidade do que aí está? Fora isso, a economia do país não cresce e a inflação aumenta. A preferência por Dilma era um mistério.

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O resultado das urnas mostrou que a maioria do eleitorado, dividido entre Aécio e Marina, supera a votação em Dilma. A vitória da oposição, para espanto geral —especialmente dos petistas—, tornou-se viável.

É um espanto por dia e de tal modo que os comentaristas temem arriscar qualquer previsão. Qual é a razão de tantas surpresas? Talvez seja porque vivemos um período caracterizado pelo fim das ideologias.

Mas cabe aqui ressaltar um fato: o desempenho de Aécio Neves que, contra todas as previsões, enfrentou a queda nas pesquisas, a descrença de muitos e conseguiu dar a volta por cima.

Ele se mostrou realmente capaz de nos ajudar a sair do atoleiro.


Em seguida, o respeitado jurista Ives Gandra Martins expõe sua irritação com o governo Dilma:

Começo pela corrupção. Não é verdade que, graças a ela, os oito anos de assalto à maior empresa do Brasil, estão sendo rigorosamente investigados. Se quisesse mesmo fazê-lo, teria apoiado a CPI para apurar os fantásticos desvios, no Congresso Nacional.

A investigação se deve à independência e à qualidade da Polícia e do Ministério Público federais que agem com autonomia e não prestam vênia aos detentores do poder. Nem é verdade que demitiu o principal diretor envolvido. Este, ao pedir demissão, recebeu alcandorados elogios pelos serviços prestados!

Por outro lado, não é verdade que a economia vai bem. Vai muito mal. Os recordes sucessivos de baixo crescimento, culminando, em 2014, com um PIB previsto em 0,3% pelo FMI, demonstram que seu ministro da Fazenda especializou-se em nunca acertar prognósticos.

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O mais curioso é que o Plano Real, que tanto foi combatido por Lula e pelo PT, é o que ainda dá alguma sustentação à Presidência.

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Seu principal eleitor (o programa Bolsa Família) consome apenas 3% da receita tributária. Os 97% restantes são desperdiçados entre 22 mil cargos comissionados, 39 ministérios, obras superfaturadas, na visão do Tribunal de Contas da União, e incompletas.

Tenho, pois, como cidadão que elogiou Sua Senhoria, no início –para mim Sua Excelência é o cidadão, a quem a presidente deve servir–, o direito de, no fim de seu governo, mostrar a minha profunda decepção com o desastre econômico que gerou e que me preocupa ainda mais, por culpar os que criam riqueza e empregos em discurso que pretende, no estilo marxista, promover o conflito entre ricos e pobres.


Em terceiro lugar, temos o economista Samuel Pessôa criticando a retórica mentirosa do PT, da qual ele mesmo foi vítima recentemente:

Com o início da campanha do segundo turno na quinta-feira, o programa eleitoral da presidente Dilma Rousseff apresentou diversas manchetes de jornais com vários dados referentes à década de 90 e outros referentes à década de 2000. Há nesta estratégia uma série de truques de retórica.

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Inúmeras melhoras ocorridas na sociedade brasileira nos últimos 30 anos são avanços vegetativos associados à evolução natural da sociedade. Boa parcela da queda da desigualdade na última década segue da melhora educacional –que tem ocorrido desde os anos 40, com forte aceleração em seguida à redemocratização– em associação ao fim de nossa transição demográfica. Pela primeira vez somos uma sociedade com escassez de trabalho. Nada disto deve-se ao PT no governo.

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O segundo truque retórico é a descontextualização da informação. Por exemplo, a dívida pública no governo FHC cresceu. O que não se fala é que mais da metade do crescimento da dívida pública no período resultou da assunção de dívidas passadas que não estavam contabilizadas.

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O arsenal retórico do PT pode ajudar a reeleger Dilma. Em nada ajuda a evolução da sociedade.

Por fim, temos a coluna de Henrique Meirelles, que precisa ser mais sutil e caminhar apenas pelo campo das ideias, sem atacar diretamente a presidente Dilma, pois foi, afinal de contas, presidente do Banco Central do governo Lula. Diz ele:

O Brasil está entre os que sofreram maior revisão de crescimento pelo FMI, de 1,3% para 0,3%. E há ainda os países que enfrentam recessão, como a Argentina.

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É preciso buscar caminhos para reverter esse processo. No Brasil, eles passam pelo aumento da confiança para a retomada dos investimentos em produtividade no setor industrial e de serviços para atender ao grande mercado de consumo interno. Passam pela educação, fator crítico no aumento da produtividade. E passam também pelos investimentos em infraestrutura, para atender à demanda criada pela expansão econômica dos últimos anos –um problema (infraestrutura congestionada) que é parte importante da solução (a demanda que viabiliza os investimentos).

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Como a história mostra, essa reedição de expedientes do passado, dando poder a burocratas para tomar decisões arbitrárias no funcionamento das empresas, tende a desorganizar ainda mais a economia e criar novas distorções.


Já países que adotaram políticas de desenvolvimento de longo prazo baseadas em educação, produtividade e competitividade do setor privado, como Coreia do Sul, Cingapura e, anteriormente, o Japão, adquiriram em poucas décadas padrões de crescimento, renda e poder econômico similares aos dos países desenvolvidos.

Ao demandar um foco no longo prazo e atacar o voluntarismo e o intervencionismo arbitrário da Argentina, cujo modelo é defendido pela presidente Dilma, Meirelles claramente está defendendo mudanças importantes no país.

É o que todos desejam. Ninguém aguenta mais o modelo atual, a corrupção em escala industrial, a inflação fora de controle, a economia estagnada, o autoritarismo arrogante, a miopia que foca apenas nas próximas eleições. Enfim, ninguém aguenta mais o PT! É hora de mudança.





Por Rodrigo Constantino

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