domingo, 28 de setembro de 2014

Servos ou Amigos de Deus?



Por Amilcar Rodrigues (*)

Dir-se-ia que nem todos são amigos e isto em razão de serem servos de Deus. A razão de uns serem servos e outros amigos de Deus encontra-se no texto seguinte:

“Vós sereis meus amigos se fizerdes o que eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda, Jo 15:14, “.

Numa breve, mas profunda reflexão gostaria de confrontar o leitor se é um servo ou um amigo de Deus? Pelo texto acima citado compreendemos que o servo é aquele que obedece ao seu senhor, ou numa linguagem mais simples, um escravo limitando-se a fazer o que lhe é determinado. Não conhece os segredos do coração do seu Senhor pelo que não beneficia de Sua intimidade. Sempre está na expectativa de uma palavra profética porque não sabe as intenções do Senhor para consigo. Procura obedecer a Deus cumprindo os mandamentos da Casa do Senhor, como por obrigação com medo de transgredir e sofrer as consequências.

Para uma melhor compreensão de saber se é servo ou amigo de Deus, interrogue-se a si mesmo: Você dá os dízimos com alegria ou porque entendeu que pode beneficiar se os entregar no altar? Outras questões poderão servir também de um teste, como por exemplo: Você não cobiça a mulher do próximo com medo de ser apanhado pelo marido ou porque em seu coração, não a deseja?

A sua caridade para com o próximo é para servir para seu benefício de orgulho ou porque sabe que Deus está presente naquele

que lhe parece ser desprezível? Por estas questões aqui levantadas poderão ajudar a compreender se o leitor é um servo ou um amigo de Deus. Durante muitos anos eu procurei andar certinho com os mandamentos de Deus. Sempre procurava cumpri-los e nem sempre conseguia obedecê-los. Compreendi o drama da Carta aos Romanos em que, o querer estava em mim mas não o efectuar e também me considerava um miserável, Rm 7:24.

A forma de como servimos a Deus é determinante em sermos servos ou amigos de Deus. Vejam bem; o leitor quando está apaixonado tem alguma obrigação em saber como está a sua amada ou amado? Então porque lhe telefona tantas vezes? É por dever ou por amor?

Com Deus passa-se a mesma coisa. O leitor não ora porque lhe é exigido, não vai ao culto por ser sábado ou domingo não pratica o amor por obediência porque ninguém pode realizá-lo sem ter um profundo propósito no coração.

O grande segredo em se tornar um amigo de Deus é deixar que Deus se torne seu amigo. Quando Deus se apega ao nosso coração, também nos apegamos a Ele. Você poderá dizer-me que ainda continua servo porque Deus ainda não encheu o seu coração de amor, da Sua graça, para o livrar da Lei do pecado e da morte.

Dir-lhe-ei que a escolha é de Deus, porque como está escrito no texto acima não fomos nós que O escolhemos mas Ele é que nos escolheu a nós e nos mandou que dessemos fruto, Jo 15:16.

Que fazer então? Se não depende de nós, ser servos ou amigos, será que só depende de Deus? Parece que a predestinação é imperativa de Deus e, no entanto, podemos provocá-Lo.

Certa vez Jesus foi abordado por uma mulher círio-fenícia que Lhe pediu para libertar a sua filha e Jesus respondeu-lhe que não era bom dar o pão dos filhos aos cachorrinhos, querendo dizer-lhe que ela era uma cachorra e sua filha uma cachorrinha e consequentemente não lhe era digno de comer à mesa dos filhos do Reino. Então a mulher O provocou dizendo-lhe que apenas desejava as migalhas que caiam da mesa e com isto incendiou o coração de Deus que logo ordenou que fosse cumprida a sua petição.

Não creio que a graça de Deus seja concedida por mérito humano mas admito, que certos corações mediante um grande sofrimento desprezem a auto-suficiência para se renderem ao Amor absoluto, o Nosso Senhor Jesus Cristo.

Fraternalmente,






(*) Amilcar Rodrigues foi ordenado pastor em 1978 na "Apostolic Faith Mission" na República da África do Sul, onde fez estudos teológicos. Como missionário em Portugal, fundou três igrejas e foi Presidente Nacional da Comissão de Programas da Aliança Evangélica Portuguesa, para a televisão, RTP2. Foi formado produtor de televisão "Broadcast" pela "Geoffrey Connway Broadcast Academy" Toronto, Canadá, é filiado do "Crossroads Christian Comunication".

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