sexta-feira, 13 de junho de 2014

O momento infernal de Dilma

Pesquisa feita por instituto americano e confirmada por levantamento encomendado pelo PT provoca mau humor nos principais auxiliares da presidenta e obriga o partido a mudar os rumos da campanha


Coube ao marqueteiro João Santana, que há poucas semanas insistia em profetizar uma acachapante vitória da presidenta Dilma Rousseff sobre “os anões da oposição” ainda no primeiro turno da disputa presidencial, jogar um balde de água fria no comando da pré-campanha petista. Na segunda-feira 2, durante jantar no Palácio da Alvorada, Santana foi rápido e objetivo. Tendo em mãos os dados de uma pesquisa contratada pelo PT, ele afirmou: “Está diminuindo de forma considerável e rápida a confiança do eleitor na capacidade do governo para realizar mudanças.” A constatação azedou o humor do ex-presidente Lula, do presidente do PT, Rui Falcão, do ex-ministro Franklin Martins e dos ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), que dividiam a mesa com Dilma. O que todos ali já sabiam é que a pesquisa reportada por Santana confirmava outra enquete realizada entre os dias 10 e 30 de abril pelo Pew Research Center, um instituto americano que rastreia os ânimos dos cidadãos em 82 países. O resultado desse estudo é arrasador para a campanha de Dilma. Ele mostra, entre outras coisas, que apenas 26% dos brasileiros estão satisfeitos com o País, 86% desaprovam a maneira como a presidenta lida com a corrupção, 85% criticam a maneira de Dilma enfrentar questões como segurança e saúde. E, o que é mais surpreendente, o número de insatisfeitos saltou de 49% para 72% de 2010 para cá. “Essa frustração só tem paralelo com a de países que enfrentam convulsões sociais, rupturas institucionais e crises como a do Egito”, disse Juliana Horowitz, responsável pela pesquisa americana.

                                                    NOVA POSTURA
              Lula pediu a Dilma para mudar de atitude em relação aos aliados


Diante de dados tão negativos, Lula e Santana trataram de sugerir mudanças imediatas no comportamento da presidenta e nos rumos da pré-campanha. O primeiro objetivo é o de evitar que o desgaste da administração acabe favorecendo uma debandada entre os partidos aliados – que poderão fornecer preciosos minutos ao tempo de propaganda para a presidenta durante a campanha – em busca de alternativas de poder na oposição. Para tanto, Lula aconselhou Dilma a comparecer às convenções de cada um desses partidos. Também ficou definido que a presidenta precisa tentar reconstruir a imagem de gerente competente, fortemente abalada durante os três anos de um governo que não entregou sequer uma grande obra, não conseguiu evitar o aparelhamento do Estado que vem dilapidando empresas públicas e que não consegue romper a equação que junta crescimento pífio, juros elevados e inflação em alta. Para isso, mesmo durante os jogos da Copa, Dilma deverá percorrer o Brasil inaugurando tudo o que for possível. Também foi recomendado que a presidenta passasse a dar entrevistas diárias para as redes de tevê, promovendo a defesa do governo.
Na quinta-feira 5, uma pesquisa do DataFolha confirmou a tendência de queda da presidenta. Segundo o instituto, Dilma conta com 34% das intenções de voto, uma queda de dez pontos em relação à pesquisa realizada em fevereiro. Os principais candidatos da oposição, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), também, segundo a pesquisa, perderam votos. O primeiro caiu um ponto, dentro da margem de erro, e Campos perdeu quatro pontos. O que aumentou foi o número de eleitores indecisos. Um cenário muito pior para quem está no governo do que para a oposição.
                                                           SANTANA
      O marqueteiro que preconizava uma eleição fácil já fala em segundo turno
Durante o jantar no Palácio da Alvorada, sobrou conselhos para o presidente do PT, deputado Rui Falcão. A ele, Lula e Santana sugeriram que seja abandonado definitivamente o discurso de vitória no primeiro turno, como forma de melhor acolher os aliados. Também foi pedido que o PT seja rápido e incisivo no tratamento de seus quadros que estiverem envolvidos em casos de corrupção ou falta de decoro. Foi por isso que o deputado estadual paulista Luiz Moura acabou abandonado pelo partido, dias depois de ser acusado de se reunir com membros do crime organizado. A ideia é embasar um discurso de que o mensalão foi um divisor de águas dentro da legenda. 


Fonte: IstoÉ Independente

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